quinta-feira, 29 de abril de 2010

Enquanto a casa arde...

... a Comissão Europeia dá uma notícia estrondosa: a proibição de transportar líquidos a bordo dos aviões vai acabar ... em 2013.

É a notícia de que todos os europeus estavam certamente à espera, e que permitirá que os mercados financeiros, que estão apostados em rebentar com as finanças da Grécia (e Portugal, Espanha, Irlanda...) possam finalmente serenar...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quiz

Quem disse isto, a propósito da necessidade de acelerar a ajuda da zona euro à Grécia? E quem é que deveria ter dito?

"A questão com que estamos confrontados não tem apenas a ver com a Grécia, mas com a estabilidade da zona euro. Cada dia perdido, é um dia em que a situação piora cada vez mais. Como a Grécia faz parte da zona euro, por causa do sistema de solidariedade no seio da zona euro, é a confiança na zona que está em jogo".

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PS: o Bernardo tem obviamente razão. Mas sabendo que Angela Merkel não quer, ou não está em condições de o dizer, penso que não teria ficado mal ao Barroso ter assumido um discurso deste tipo. É o seu papel, acho eu.

Por mais que pense, não consigo deixar de achar curioso que seja o DG do FMI a mostrar-se preocupado com a estabilidade da zona euro...,

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carlos Costa

É uma situação rara, mas a unanimidade do sector económico e financeiro – e mesmo dos partidos políticos – a favor da nomeação de Carlos Costa para governador do Banco de Portugal (BP), fala por si.

De Nogueira Leite – “muito boa escolha” – a Artur Santos Silva – “excelente escolha”, passando por Ricardo Salgado – “um banqueiro muito importante, experiente, que reúne todas as condições para ser um grande governador do Banco de Portugal” - os elogios choveram ontem sobre a escolha do governo.

Talvez o melhor resumo seja o de João Deus Pinheiro (que, bom, não é o melhor juiz ...) , de quem Carlos Costa foi chefe de gabinete durante os sete anos em que foi comissário europeu: "isento, super-trabalhador, brilhantíssimo, independente, de uma lealdade a toda a prova e de uma simplicidade enorme", segundo disse ao Jornal de Negócios.

Não sei como é que o visado será como Governador do BP, mas no que se refere à construção europeia, não é demais dizer que foi uma peça fundamental para Portugal desde a adesão à União Europeia (UE).

Carlos Costa é porventura o português que mais sabe de UE, e não apenas por ter lidado com ela a partir de várias instituições comunitárias: Conselho de Ministros, Comissão Europeia e, actualmente, Banco Europeu de Investimentos.

O mais importante foi, por exemplo, ter conduzido em nome do governo português negociações tão cruciais com a ronda orçamental de 1988 – mais conhecida por Pacote Delors I – que permitiu a primeira duplicação dos fundos estruturais nos países mais pobres da UE. Nessa matéria teve, nomeadamente, um contributo decisivo em questões como a concepção do novo recurso orçamental baseado no PNB então criado, ou a argumentação em favor dos fundos estruturais como contrapartida do mercado interno europeu. Cavaco Silva, na altura primeiro ministro, não dava um passo nestas matérias sem o consultar.

Também foi ele que negociou, de novo em nome do governo português, o Tratado de Maastricht na vertente da União Económica e Monetária – com um contributo fundamental por exemplo na concepção do princípio, e regras, da igualdade de acesso de todos os países à moeda única.

Ele é um daqueles portugueses de cinco estrelas, respeitadíssimo nas instituições europeias, que tem sido estupidamente subaproveitado pelos nossos governantes

Pelo conhecimento profundo que tem da UE e dos seus protagonistas, de certo modo é pena que deixe o circuito europeu...

Mas também é verdade que, enquanto governador do BP, vai integrar o conselho dos governadores do Banco Central Europeu (BCE). O que já não é nada mau...