Vale a pena ler. E pensar. E agir.
http://www.publico.pt/temas/jornal/sos-na-zona-pobre-27140130
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Franceses atacam a Amazon
O/A (será masculino ou feminino?) Amazon.fr vai deixar de poder vender livros sem custos postais ao abrigo de uma decisão tomada esta semana pelo parlamento francês para proteger as livrarias nacionais.
A decisão significa que os livros franceses vão continuar a ser vendidos aos actuais preços exorbitantes, um mal que é aliás partilhado com os livros portugueses. Em vez de obrigarem o/a Amazon a pagar os impostos apropriados pelo volume de negócios realizado em França, o que continua a não ser o caso, o Governo e o Parlamento franceses preferem penalizar os consumidores.
Estupidamente, porque suspeito que esta decisão não vai aumentar de forma significativa as vendas de livros franceses, porque mesmo com os custos postais, a diferença de preço continuará a ser favorável à/ao Amazon.
Mas, sobretudo, suspeito que a decisão francesa só vai provocar um aumento do volume de negócios do Kindle, o leitor de livros electrónicos... do/da Amazon.
Poeira para os olhos é o que é!
A decisão significa que os livros franceses vão continuar a ser vendidos aos actuais preços exorbitantes, um mal que é aliás partilhado com os livros portugueses. Em vez de obrigarem o/a Amazon a pagar os impostos apropriados pelo volume de negócios realizado em França, o que continua a não ser o caso, o Governo e o Parlamento franceses preferem penalizar os consumidores.
Estupidamente, porque suspeito que esta decisão não vai aumentar de forma significativa as vendas de livros franceses, porque mesmo com os custos postais, a diferença de preço continuará a ser favorável à/ao Amazon.
Mas, sobretudo, suspeito que a decisão francesa só vai provocar um aumento do volume de negócios do Kindle, o leitor de livros electrónicos... do/da Amazon.
Poeira para os olhos é o que é!
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Lá vêm as candidaturas "aparelhísticas" ao Parlamento Europeu...
Por enquanto a notícia só está nos jornais (que eu saiba ainda não foi
confirmada oficialmente) mas é perfeitamente plausível: Carlos Zorrinho e
Francisco Assis são dados como dois candidatos mais que prováveis na lista do
Partido Socialista (PS) ao Parlamento Europeu. A lógica é que tendo ambos sido
fiéis ao secretário-geral, António José Seguro, serão agora recompensados com
um lugar na "Europa".
Este é um hábito dos partidos políticos portugueses, que se notabilizaram
por mandar para Bruxelas e Estrasburgo políticos incómodos, ou que fazem sombra
ao líder do momento, ou amigos, ou fiéis, ou em fim de carreira, ou em
interrupção de carreira...
Raros foram em contrapartida os deputados escolhidos em função de um
reconhecido conhecimento aprofundado dos meios ou das políticas da União
Europeia (UE), competência nalguma área de interesse para Portugal, peso
político incontestável ou essas coisas de somenos importância.
O que explica porque é que, ao longo dos anos, grande parte dos
eurodeputados portugueses não passaram de figuras de segunda fila, ou
preguiçosos, ou desinteressados ou até que usaram em exclusivo o
"poleiro" europeu para melhor poderem interferir na política
nacional.
Das 6 eleições que, desde a adesão à UE, levaram ao PE perto de 150 eurodeputados
portugueses, contam-se pelos dedos das duas mãos os que pesaram, fizeram obra
reconhecida, ou influenciaram a instituição nalguma decisão importante. Na
primeira linha lembro das anteriores legislaturas Lucas Pires, Carlos Pimenta e
António Vitorino. Um pouco menos proeminentes mas mesmo assim com algum peso,
citaria José Apolinário, José Barros Moura, Jorge Moreira da Silva, António
Capucho, Margarida Salema ou Sérgio Ribeiro.
Francisco Assis, que foi eurodeputado entre 2004 e 2009, não está em
nenhuma destas listas. E nunca escondeu que não gostava de estar no PE...
Na actual legislatura há 4 deputados que sobressaem entre os 22 eleitos em
Portugal:
- Carlos Coelho, eleito
pelo PSD (que integra o grupo parlamentar europeu do PPE, o maior do PE), tem
sido desde a anterior legislatura, a voz com maior peso e autoridade em todo o
Parlamento na área da Justiça e Assuntos Internos, dos acordos de Schengen às
questões de imigração. Nada ou quase nada se decide nestas áreas contra si.
- Ana Gomes, eleita pelo
PS, é a coordenadora das posições do grupo socialista do PE (o segundo maior da
Assembleia) em matéria de política externa e defesa. Nessa qualidade, é
determinante na definição das posições dos socialistas e, consequentemente, de
todo o PE.
- Luís Capoulas Santos, eleito
pelo PS, é o coordenador das posições do grupo socialista na área da
agricultura. Enquanto tal, foi o "relator", ou seja, o responsável,
de quase todas as grandes decisões do PE em matéria de reforma da Política Agrícola
Comum (PAC), nesta e na anterior legislatura. O interesse deste posto para
Portugal dispensa comentários.
- Last, but very far from least, Elisa Ferreira, eleita como
independente pelo PS, é uma das 2 ou 3 vozes mais autorizadas de todo o PE em
todas as matérias ligadas à moeda única, crise do euro ou governação económica.
É, igualmente, a coordenadora das posições do grupo socialista do PE nestas
matérias e é por essa razão determinante na definição de todas as posições do
PE.
As posições e estatuto destes 4 deputados foram conquistadas em resultado
da sua competência pessoal mas igualmente, e sobretudo, à custa de muito
trabalho e dedicação ao longo de pelo menos 2 legislaturas.
Vale a pena lembrar que se trata de uma instituição de 766 membros oriundos
de 28 países que, pela sua dimensão, é de facto uma máquina de engolir talentos
(e já agora, egos inchados). A verdade é
que só menos de 50 deputados (e estou a ser muito optimista) é que conseguem
sobressair com um peso e estatura verdadeiramente "europeus". Elisa
Ferreira, Ana Gomes e Carlos Coelho estão indiscutivelmente neste grupo.
Se algum destes deputados não integrar as listas nas eleições de Maio de
2014, será uma machadada óbvia para o peso de Portugal no PE. E um tiro no pé dos
partidos políticos, que nos afectará a todos nós.
Países pequenos não se podem
dar ao luxo de desperdiçar talentos confirmados e reconhecidos pelos parceiros em mais do que uma legislatura.
Destes 4 deputados, a maior perda será uma eventual exclusão de Elisa
Ferreira da lista do PS. Porque a sua área de competência e acção será o tema
chave dos próximos anos na União Europeia
no quadro da reforma em curso dos mecanismos de governação da zona euro, incluindo,
possivelmente, por via de uma alteração do Tratado da UE.
Se Portugal quiser pesar alguma coisa neste debate, só terá a ganhar se
puder contar com Elisa Ferreira no PE que, enquanto coordenadora do grupo
socialista nesta área, será um aliado precioso de qualquer Governo nas
negociações com os seus 27 parceiros europeus.
Será que é desta que os partidos portugueses se disporão a assumir de uma
vez por todas a sua responsabilidade escolhendo as listas eleitorais em função
da competência dos seus membros e não por questões de amizade ou sob a pressão
dos aparelhos partidários?
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