Desculpem bater na mesma tecla, mas isto é sério, porque os lideres da UE poderão tomar já amanhã uma decisão de princípio, ou pelo menos abrir caminho, para a nomeação de Tony Blair enquanto primeiro presidente do Conselho Europeu.
Ainda continuo a acreditar que terão o bom senso de não o fazer, mas como o bom senso não é a principal qualidade dos nossos lideres...
Lembremo-nos: um dos raros eventos que mobilizou os cidadãos europeus no passado recente foi a contestação da guerra do Iraque. Durante meses, no início de Março de 2003, milhões e milhões de europeus - e não só - saíram à rua para pedir a George Bush e Tony Blair para abandonarem os planos de invasão do Iraque. Com o efeito que se viu e as consequências que desde há mais de seis anos nos entram todos os dias pela casa dentro. E com suspeitas crescentes de que os dois manipularam, ou falsificaram, as informações disponíveis sobre a existência de armas de destruição massiva. Em qualquer outra parte do Mundo, Blair e Bush seriam considerados criminosos de guerra...
Por estas razões, Tony Blair tem boas probabilidades de ser um dos políticos mais conhecidos dos cidadãos europeus. Pelas piores razões.
E é este homem que os lideres da UE poderão vir a escolher para primeiro presidente do Conselho Europeu, com o apoio de pessoas de memória curta, fracas convicções e seguidoras de modas? Como é que podem pensar que este é o homem que melhor poderá personificar a Europa aos olhos dos cidadãos europeus e do resto do Mundo ?
7 comentários:
Pois cara Isabel,
Congratulo-me por compreender a urgencia deste debate mas desgosta-me profundamente a insensibilidade de quase todos os nossos eurodeputados.
Voltemos a Junho de 2005, quando o Luxemburgo, que presidia as negociacoes das Pespectivas Financeiras 2007-2013, so nao conseguiu um acordo – entao considerado decisivo para reforcar a imagem da UE debilitada pelo duplo nao ao Tratado de Lisboa - porque o Reino Unido liderado por um Blair sem estados de alma nem pinga de espirito europeu colocou escandalosamente o onus do prolongamento por mais sete anos do chamado “cheque britanico” nos ombros dos 10 novos Estados Membros (consideravelmente mais pobres).
Blair nao teve nenhum escrupulo em lutar e conseguir o aumento substancial do British Rebate e, ainda por cima, fez passar publicamente a ideia de que era generoso e responsavel so porque nao exigia um aumento ainda maior!
Como ia dizendo, na cimeira europeia de Junho de 2005, ao cabo de muitos encontros bilaterais, Blair ficou mudo e quedo quando o PM polaco lhe perguntou quanto e que quer que nos os pequenos paguemos a mais por um acordo orcamental ja e agora para o bem de todos? Blair bloqueou o acordo, sozinho contra todos, por nao ignorar que conseguiria mais para o Reino Unido seis meses depois sob a sua propria presidencia (que feio).
Os seis meses que se seguiram foram lugubres.
Em Dezembro de 2005, Blair logrou obter um acordo, da pior maneira para o colectivo, atraves do expediente de criar mais mini-"rebates" para Alemanha, Suecia e Holanda. Quem pagou, quem pagou? Os outros paises todos.
Que o homem e bom a negociar, nao duvido, mas em beneficio de quem ou de que? Eu sei! Voces tambem ou querem que vos faca um desenho?
E ja agora, onde esta o trabalho desenvolvido em prol da pacificacao do Medio Oriente? E podemos confiar nas credenciais de lideranca de um estadista que decalcou a politica externa do seu pais da politica seguida pela super-potencia da sua predileccao sem qualquer espirito critico, cegamente, sem olhar para os interesses do seu proprio povo no seu conjunto e para os interesses europeus?
Tenham do.
Alexandra Lobao: Jean-Claude Juncker for president!
Inteiramente de acordo, Alexandra.
A lista dos argumentos contra a escolha de Blair é infindável, a começar pelo facto de estar longe de ser um "europeísta" - como os defensores dele pretendem - e ter uma visão totalmente intergovernamental da Europa, ter impedido os outros vinte e seis países de dar uns passitos tímidos em favor da Europa Social no Tratado de Lisboa, ou ter exigido uma isenção à Carta dos Direitos Fundamentais para o seu país...
Só que provavelmente a característica de Blair que mais "fala" aos cidadãos europeus é a atitude proactiva que ele assumiu na guerra do Iraque. Pelo menos é a que mais me insulta a mim...
Uiiii há alguém q não gostas mesmo do Tony !
Eu tb acho que não é uma boa solução...mas há quem não goste mesmo do tipo. Eu tb voto em Juncker !
Não gostava nada de ver o Balkenede à frente do Conselho, pois nem seria bom p tugas nem mesmo p UE. Juncker será mais consensual e tem mta credibilidade !
Aposto que a Edite Estrela tb seria uma excelente candidata, mas o Manuel dos Santos tb estará à espreita...lol
Deus nos livre..
Antes de entrar mesmo no tema recomendo à Alexandra Lobão que se informe um pouco sobre o British Rebate e não escreva coisas tão separadas da realidade.
Pode começar pela Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/British_Rebate).
Bom, mas vamos ao texto do artigo do blog.
Acho uma injustiça o pó que a autora do blog (e a Alexandra) têm ao Tony.
Eu sinceramente não suporto o Tony e não gostaria de o ver como Presidente do CE.
E não gostaria porque o Tony seria um bom Presidente do CE. Tem uma personalidade forte e é conhecido em todo o Mundo, enquanto que o Jean-Claude,... qual o chinês, americano, brasileiro, indiano e até português que o conhece?
Depois o Tony é profundamente europeu, teve foi de vender a Europa a quem não a queria, ao povo britanico.
Sim, o Tony defende os chamados ideais europeus, só é pena é que isso seja feito à custa da democracia...
Sim, concordo com a Alexandra, "Jean-Claude Juncker for president!"
Talvez isso acelere o enterro da União Europeia...
E já que estamos a falar de Iraque, não se esqueçam daquela inacreditável história do suicídio do cientista David Kelly e da subsequente demissão de Alastair Campbell.
O comentário do Raio é interessante, desde logo porque recorre à Wikipedia como fonte de informação, o que é um ponto de partida promissor.
Não vou ao ponto de considerar o TB como anti-europeu, mas não duvido que, se fosse escolhido para o cargo, defenderia em primeiro lugar os interesses da pérfida Albion, como o fazem normalmente os britânicos que ocupam cargos europeus.
Agora, não tenhamos ilusões sobre a posição de Portugal nesta matéria: depois do apoio que o UK deu ao "nosso" candidato à Presidência da Comissão Europeia, PT não deixará de apoiar um candidato britânico a outro qualquer cargo europeu. São vantagens de termos um Presidente da CE português...
Felizmente esta la o Benelux para para estragar a festa aos Intergovernamentalistas. E ao Raio...
Pirata escreveu:
"mas não duvido que, se fosse escolhido para o cargo, defenderia em primeiro lugar os interesses da pérfida Albion, como o fazem normalmente os britânicos que ocupam cargos europeus."
Como o fazem normalmente os britanicos, os franceses, e quase todos os outros com a excepção dos portugueses que me parecem os únicos dispostos a sacrificar os interesses do país a uma integração europeia rejeitada pelos povos da Europa.
Veja-se, por exemplo, o Sócrates que sacrificou totalmente os interesses portugueses aos alemães na presidência portuguesa.
Sim, caro Pirata, os europeus não são tansos como os nossos políticos.
Enviar um comentário