quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Salvou-se a honra, o Tratado de Lisboa e a Cimeira de Bruxelas

A presidência portuguesa da UE decidiu que a próxima cimeira de lideres dos Vinte e Sete vai durar apenas um dia: 14 de Dezembro, em vez de 13 e 14 como estava previsto há mais de um ano.

Assim, os chefes de Estado ou de governo vão poder deslocar-se a Lisboa no dia 13 para assinar o novo Tratado europeu e voltar calmamente para casa depois do almoço que será oferecido por José Sócrates. Ou seja, já não precisam de ir a correr para Bruxelas para participar na cimeira que, como de costume, deveria arrancar às 17 horas.

Este programa tinha suscitado uma forte polémica pelo facto de dar uma ideia de perca de tempo, dinheiro e de aumento da poluição em resultado da multiplicação das deslocações aéreas. Sócrates, que o concebeu, chegou a avançar a possibilidade de realizar a cimeira em Lisboa, em vez de Bruxelas, para simplificar as coisas, mas, sobretudo, terminar a presidência portuguesa da UE em beleza. Os belgas disseram que não, lembrando que o Tratado de Nice obriga à realização de todas os encontros regulares de lideres em Bruxelas.

A pressão começou a crescer para evitar a coincidência dos dois acontecimentos no mesmo dia e poupar aos lideres um vaivém entre as capitais. O que deu origem a sugestões como a assinatura do Tratado em Bruxelas imediatamente antes da cimeira – podendo chamar-se na mesma Tratado de Lisboa – ou em Lisboa mas pelos ministros dos negócios estrangeiros dos Vinte e Sete e uma semana antes, à margem da cimeira entre a UE e África.

Com a decisão da presidência de realizar a cimeira apenas no dia 14, ficou tudo resolvido. Os lideres vão na mesma a Lisboa e a Bruxelas, só que em dois dias diferentes, o que lhes permitirá dissipar a imagem de poluidores e perdulários (será?). E, sobretudo, sobretudo, Sócrates terá a sua festa do Tratado em Lisboa, com uma boa fotografia para a posteridade.

Nacionalistas III

Nova reviravolta na saga dos nacionalistas no Parlamento Europeu: afinal o grupo de extrema-direita ITS desfez-se mesmo, por falta de quorum. A dissolução, anunciada hoje em sessão plenária do PE, em Estrasburgo, foi largamente aplaudida pelos deputados da generalidade das outras famílias políticas.

A zanga entre os 23 membros do grupo não se limitou à disputa entre os cinco membros do partido da Grande Roménia e a italiana Alessandra Mussolini a propósito dos romenos de origem cigana em Itália. Pelos vistos, o ambiente interno não era dos melhores: os romenos afirmam que nunca se sentiram bem no grupo, quanto mais não seja porque são contra quaisquer alterações de fronteiras, quando os belgas flamengos do Vlaams Belang são defensores acérrimos da independência da Flandres e consequente desaparecimento da Bélgica.

Bruno Gollnisch, o presidente do Grupo ITS deu tudo por tudo nos últimos dias para manter os cinco romenos e garantir assim o número mínimo de deputados exigido para a continuação do grupo (20). Sem sucesso: os cinco insistiram em sair, mesmo depois de Alessandra Mussolini ter anunciado na segunda-feira que se retirava. Gollnisch acusa agora os romenos de ter provocado toda a polémica para reforçar a sua posição na perspectiva das eleições europeias previstas no país na próxima semana.

Na terça-feira à noite, Jean-Marie Le Pen, presidente da Frente Nacional francesa, já se tinha irritado contra os seus parceiros de grupo, acusando-os de “falta de lealdade”. Por sua vez o austríaco Hans-Peter Martin acusou Le Pen de lhe ter feito um manguito. Isto, ao microfone do hemiciclo, segundo conta a agência AFP.

O desaparecimento do grupo ITS diminuirá os apoios, nomeadamente financeiros, a que os seus membros tinham direito, em conjunto com uma parte do seu tempo de palavra nas sessões plenárias.

“A internacional dos ultranacionalistas deixou de existir e já não poderá utilizar o dinheiro dos contribuintes europeus para as suas campanhas xenófobas e neo-fascistas”, congratulou-se o presidente do grupo socialista, o alemão Martin Schulz.

Para o chefe dos liberais, o britânico Graham Watson, a implosão do grupo ITS “é o resultado da sua própria filosofia que coloca todos os estrangeiros num molde único e encoraja propósitos xenófobos e racistas que não têm lugar na União Europeia”. E conclui: “a ironia de ter sido um Mussolini a destruir a coerência do grupo de extrema-direita será notada por todos os europeus de Bucareste a Brindisi”.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O programa europeu de Nicolas Sarkozy

(tinha-me esquecido de pôr um titulo neste post. As minhas desculpas)

Vale a pena ler o discurso que Nicolas Sarkozy fez hoje no Parlamento Europeu. Aqui estão expressas algumas das grandes linhas do que vai ser o debate na UE nos próximos meses. Goste-se ou não, como disse o próprio Sarkozy é o regresso da política ao debate europeu. Boa leitura

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Allocution du Président de la République devant le Parlement européen

Strasbourg, le mardi 13 novembre 2007


Monsieur le Président du Parlement européen,
Mesdames et Messieurs les députés,
Monsieur le Président de la Commission,
Mesdames et Messieurs,


Je vous remercie de m’avoir invité à prendre la parole devant vous, dans ce lieu où bat le cœur démocratique de l’Europe.

Je vous remercie de me donner l’occasion de le faire maintenant, au moment où, après avoir semblé vaciller, l’Europe se ressaisit et repart de l’avant.

Je vous remercie de me permettre de renouveler devant vous l’engagement européen de la France et de vous dire que le « non » à la Constitution européenne n’était pas pour le peuple français l’expression d’un refus de l’Europe mais l’expression d’une plus grande exigence à son égard.

Depuis le commencement, la construction européenne est portée par une espérance qu’elle a nourrie et qu’elle a fait grandir. Les peuples attendent maintenant qu’elle soit à la hauteur de cette espérance. C’est une espérance de paix, de fraternité et de progrès. C’est une espérance qui est née des grandes tragédies du XXe siècle, du sang et des larmes versés par des millions d’hommes, de femmes et d’enfants, de leurs souffrances. C’est l’espérance que plus jamais les peuples européens ne se feront la guerre, que plus jamais l’on ne verra sur le sol européen les entreprises de conquêtes, de domination et d’extermination qui ont mené les nations européennes au bord de leur anéantissement matériel et moral.

Si l’idée européenne a pu naître, c’est parce qu’un jour de grands européens se sont tendus la main par-dessus les frontières pour lesquelles tant d’hommes étaient morts et que les peuples qui avaient trop souffert les ont suivis en décidant que l’amitié valait mieux que la haine.

Si la construction européenne est devenue possible, c’est parce que les peuples européens, horrifiés de ce qu’ils avaient fait, ne voulant plus se battre sachant au fond d’eux-mêmes qu’une nouvelle guerre leur serait fatale, choisirent de s’aimer, de se comprendre, de travailler ensemble à se forger une destinée commune.

Il faut prendre la construction européenne pour ce qu’elle est pour les peuples de toute l’Europe : l’expression d’une exigence spirituelle, morale et politique.

La construction européenne, c’est l’expression d’une volonté commune des peuples de l’Europe qui se reconnaissent des valeurs et une civilisation commune et qui veulent les maintenir vivantes. C’est l’expression d’une volonté commune des peuples de l’Europe qui se reconnaissent des intérêts communs et qui veulent les faire prévaloir. C’est l’expression d’une volonté commune des peuples de l’Europe qui ont choisi de faire passer ce qui les rapproche avant ce qui les oppose.

L’Europe, ce ne peut pas être qu’une machine, une machine administrative, une machine juridique, une machine à édicter des normes, des règlements, des directives, une machine à fabriquer des contraintes, des règles, des procédures.

Elle ne peut pas être tenue à l’écart de la vie, à l’écart des sentiments et des passions humaines.

L’Europe n’est une réalité, l’Europe n’a une chance d’exister pleinement que si pour des millions d’hommes et de femmes elle est vivante, si elle parle à leur cœur, si elle est pour eux l’espoir d’une vie, d’un monde meilleur, si elle est un grand idéal, une grande promesse.

L’Europe se fera avec les peuples, elle ne se fera pas sans eux, elle ne se fera pas contre eux.

Quand les peuples disent « non », il ne faut pas se dire que les peuples ont tort, il faut se demander pourquoi les peuples ont dit « non ».

Nous savons tous que le « non » français et le « non » néerlandais à la Constitution européenne exprimaient bien davantage que le refus d’un texte, aussi important fût-il.

Nous savons tous que ce refus n’était que le signe le plus visible d’une profonde crise de défiance envers l’Europe qui depuis longtemps gagnait les âmes et les cœurs des Européens.

Tous ceux qui aiment l’Europe, tous ceux qui la veulent de toutes leurs forces ont bien compris qu’ils devaient prendre au sérieux ce « non » de deux peuples fondateurs, de deux peuples qui ont toujours fait le choix de l’Europe, de deux peuples qui sont parmi ceux qui ont fait le plus d’efforts sur eux-mêmes pour que l’Europe ne soit pas seulement un rêve mais qu’elle devienne une réalité.

Dans ce « non » il y avait une angoisse, il y avait une déception qui étaient partagées par des millions d’hommes et de femmes en Europe qui s’étaient mis à désespérer de l’Europe parce qu’ils avaient le sentiment qu’elle ne les protégeait plus, qu’elle était devenue indifférente aux difficultés de leur vie, qu’elle ne s’adressait plus à eux.

Si tant d’hommes et de femmes qui avaient tant cru en l’Europe s’étaient mis à douter, c’est qu’à leurs yeux, elle avait cessé d’être une promesse pour devenir une menace.

Il leur semblait que l’Europe était devenue une machine.

Ces « non » furent désastreux. Ils ont plongé l’Europe dans la crise la plus grave de son histoire. Mais cette crise qui pouvait défaire l’Europe pouvait aussi lui être salutaire si elle amenait tous ceux qui étaient indéfectiblement attachés à sa cause à réfléchir sur les raisons de cette désaffection et sur les finalités de cette extraordinaire expérience humaine que nul auparavant n’avait tentée.

Depuis la création de la Communauté Européenne du Charbon et de l’Acier, ce qui a été accompli est prodigieux, si l’on veut bien se souvenir de ce qu’était alors l’Europe, son malheur, ses ruines, sa faiblesse économique et politique.

Nous sommes tous ici les représentants de peuples qui se sont haïs, qui ont cherché à se détruire, qui se sont combattus pendant des siècles.

Au commencement, Paul Henri Spaak, ce grand européen, qui fut le premier Président de la première assemblée parlementaire européenne, avait dit : « Sans rien oublier – car ce serait une profanation – nous avons décidé de tenter la grande aventure qui doit, si elle réussit, nous permettre de sauver ce que nous avons en commun de plus cher et de plus beau. ».

Et pendant plus d’un demi-siècle cette grande aventure a continué. Malgré les obstacles qui apparaissaient insurmontables, malgré les difficultés innombrables, pas à pas l’unité de l’Europe s’est forgée.

Les assemblées parlementaires qui se sont succédé y ont joué un rôle décisif. C’est en elles que l’Europe a rencontré la démocratie.

Qu’il me soit permis de rendre hommage à tous ceux qui y ont siégé. Ils ont été les représentants des citoyens de l’Europe, dans toute leur diversité, avec la différence de leurs opinions, de leur sensibilité.

Cette diversité, ces différences nous ne devons pas les redouter, nous devons au contraire les respecter comme notre plus grande richesse et comme le fondement même de la démocratie. La démocratie, c’est le débat. C’est la pluralité des points de vue. C’est le contraire d’un système où tout le monde est obligé de penser la même chose.

Je crois à la démocratie, à l’ouverture d’esprit, au respect des idées de l’autre, à la force de conviction qui sont les valeurs de votre assemblée. Je crois à l’échange. Je crois à la discussion. C’est la raison pour laquelle j’ai toujours préféré la règle de la majorité à celle de l’unanimité.

Car l’unanimité condamne aux marchandages. L’unanimité, c’est le système qui permet à quelques uns d’imposer leur loi à tous les autres. L’unanimité, c’est la certitude qu’on ne décidera jamais rien de grand, d’audacieux, qu’on ne prendra jamais aucun risque.

L’unanimité, c’est l’impuissance. C’est l’impossibilité d’agir. C’est aussi l’impossibilité de revenir sur ce qui a été décidé. C’est l’impossibilité pour une nouvelle majorité de changer ce qu’une autre majorité a fait. C’est pour cela que j’ai soutenu l’extension de la règle de la majorité dans le traité simplifié.

Je crois à la démocratie. Je crois que l’Europe doit être la plus démocratique possible. C’est pourquoi j’ai toujours considéré que l’on ne rendait pas service à la cause de l’Europe en récusant le débat, en taisant les divergences, en étouffant les critiques.

J’ai toujours pensé qu’il fallait à l’Europe plus de débat, plus de démocratie et au fond plus de politique et non pas moins.

Je suis convaincu que c’est parce qu’il n’y avait plus assez de débat, de démocratie et de politique dans l’Europe que tant d’hommes et de femmes s’en sont détachés.

Si l’Europe a pu sortir du blocage où l’avait plongé l’échec du projet de Constitution européenne, c’est bien parce qu’au Sommet de Bruxelles les chefs d’État et de gouvernement conscients de ce qu’ils avaient le sort de l’Europe entre leurs mains ont pris une décision politique. A Bruxelles ce jour là, la volonté politique a balayé tous les obstacles qui paraissaient jusque là insurmontables.

La politique, c’était de prendre acte de l’échec du projet de Constitution.

La politique, c’était de proposer aux Français qui avaient voté « non » de négocier un traité simplifié pour débloquer l’Europe sans passer par le référendum et de faire ratifier ce choix par l’élection présidentielle.

La politique, c’était pour les pays qui avaient déjà ratifié le projet de Constitution d’accepter de rouvrir les négociations sur un autre projet moins ambitieux.

La politique, c’était de vouloir surmonter les divergences de points de vue et d’intérêts pour parvenir à un accord plutôt que de laisser la crise européenne s’aggraver.

Le traité simplifié, c’est une victoire politique de l’Europe sur elle-même. C’est une victoire de la conscience européenne qui s’exprime dans la politique.

Cette victoire était décisive pour sortir du blocage. L’erreur serait de croire qu’elle a tout résolu et que plus aucune question ne se pose. Le traité simplifié résout la crise institutionnelle. Il ne résout pas la crise morale et politique de l’Europe. Il permet à l’Europe de décider et d’agir. Mais il ne dit pas dans quels buts, avec quelles finalités. Il ne dit pas ce que sera l’Europe de demain, comment elle contribuera à améliorer la vie des citoyens. Il ne donne pas de raisons à ceux qui avaient cessé de croire en l’Europe de reprendre confiance en elle.

La question institutionnelle est réglée. Il reste à régler les questions politiques. Il faut les poser sans crainte, en débattre sans tabou.

L’Europe a choisi la démocratie, et dans une démocratie il faut pouvoir débattre de tout : de la politique monétaire, de la politique budgétaire, de la politique commerciale, de la politique industrielle, de la politique fiscale, de toutes les politiques quelles qu’elles soient.

L’Europe a choisi la démocratie, et dans une démocratie nulle indépendance ne peut se confondre avec une irresponsabilité totale. Nul ne peut se prévaloir de l’indépendance de son statut pour se dispenser d’avoir à rendre des comptes, à s’expliquer, à être contrôlé.
Dans une démocratie, la responsabilité politique est un principe essentiel.

Dans la démocratie européenne, il faut pouvoir discuter des finalités et des objectifs de l’Europe. C’est pourquoi j’ai proposé que soit créé un comité des sages pour réfléchir à l’avenir et pour que nous puissions débattre tous ensemble des différents futurs possibles de l’Europe. Pour que nous puissions ensemble dessiner le visage et les contours de l’Europe de demain. Comment sinon demander aux peuples d’Europe d’avoir confiance dans l’avenir de l’Europe ?

Dans la démocratie européenne il faut pouvoir débattre de l’identité européenne et des identités nationales. Il faut pouvoir discuter de la manière dont l’Europe construit son identité et la défend. Il faut pouvoir discuter de la manière dont l’Europe protège les identités nationales qui sont la plus grande richesse de l’Europe.

Nous ne devons pas avoir peur des identités. Chercher à préserver son identité ce n’est pas une maladie. C’est quand les identités se sentent menacées, quand elles se sentent attaquées qu’elles se crispent et qu’elles deviennent dangereuses.

Les peuples européens traversent une crise identitaire très profonde. C’est une crise qui est à la fois dans les nations et dans cette idée de la civilisation que tous les Européens ont en commun et qui fait la véritable unité de l’Europe. C’est une crise qui est liée à la globalisation et à la marchandisation du monde.

Commencer l’Europe par l’économie, par le charbon et par l’acier, par le commerce, ce fut le coup de génie des pères fondateurs. Mais la politique a pris trop de retard sur l’économie, et la culture plus encore.

Dans un monde menacé d’uniformisation, dominé par la technique, où les valeurs marchandes tendent à l’emporter sur toutes les autres, l’Europe ne peut être l’Europe aux yeux de tous les hommes que si elle défend des valeurs spirituelles et des valeurs de civilisation, que si elle rassemble toutes ses forces, toute son énergie pour défendre la diversité culturelle.

L’Europe doit faire en sorte de ne pas être vécue comme une menace contre les identités mais comme une protection, comme un moyen de les faire vivre, comme un multiplicateur de puissance et de rayonnement dans l’ordre de la pensée et de la culture, comme dans l’ordre matériel et dans l’ordre politique.

Dans l’ordre moral aussi. Car les droits de l’homme font partie de l’identité européenne. Partout dans le monde, chaque fois qu’une femme est opprimée, qu’un enfant est martyrisé, qu’un homme est persécuté, qu’un peuple est asservi, l’Europe doit se trouver à ses côtés. Parce que c’est ainsi qu’elle sera fidèle à elle-même.

Dans la démocratie européenne que nous voulons construire, le mot protection ne doit pas être banni. Si nous ne voulons pas qu’un jour les peuples exaspérés d’être victimes de la concurrence déloyale et des dumpings réclament de nouveau le protectionnisme et la fermeture, nous devons être capables de débattre de ce que pourrait être une véritable préférence communautaire. Nous devons être capables de faire autant pour nous protéger que ce que font les autres. Nous devons être capables de nous doter des mêmes moyens d’agir que tous les autres. Si les autres nations ont le droit de se défendre contre les dumpings, pourquoi pas l’Europe ? Si tous les pays ont des politiques de change, pourquoi pas l’Europe ? Si d’autres nations peuvent réserver une part de leurs marchés publics à leurs PME, pourquoi pas l’Europe ? Si d’autres nations mettent en œuvre des politiques industrielles, pourquoi pas l’Europe ?
Si les autres défendent leurs agriculteurs, pourquoi l’Europe ne défendrait-elle pas les siens ?

L’Europe ne veut pas du protectionnisme mais elle doit réclamer la réciprocité.
L’Europe ne veut pas du protectionnisme mais elle a le devoir d’assurer son indépendance énergétique et son indépendance alimentaire.

L’Europe veut être exemplaire dans la lutte contre le réchauffement climatique, mais l’Europe ne peut pas accepter la concurrence déloyale des pays qui n’imposent aucune contrainte écologique à leurs entreprises.

L’Europe est attachée à la concurrence. Mais l’Europe ne peut pas être seule au monde à en faire une religion. C’est pourquoi au sommet de Bruxelles il a été décidé que la concurrence était pour l’Europe un moyen et non une fin en soi.

L’Europe a fait le choix de l’économie de marché et du capitalisme. Mais ce choix n’implique ni celui du laissez-faire absolu, ni l’acceptation des dérives d’un capitalisme financier qui fait la part belle aux spéculateurs et aux rentiers plutôt qu’aux entrepreneurs et aux travailleurs.
Le capitalisme européen a toujours été un capitalisme d’entrepreneurs, un capitalisme de production plutôt qu’un capitalisme de spéculation et de rentes.

L’Europe a un rôle à jouer dans la nécessaire moralisation du capitalisme financier dont les citoyens du monde entier ne supportent plus les excès.
Beaucoup de ceux qui dans le monde ont placé leur espérance dans l’Europe attendent d’elle qu’elle prenne la tête de ce combat.

Sur tous ces sujets nous avons tous des idées et des points de vue différents. Ce n’est pas une raison pour ne pas en parler. Bien au contraire. Nous devons en débattre jusqu’à ce que nous ayons réussi à rapprocher assez nos points de vue pour pouvoir bâtir une politique commune. Car si nous n’acceptons de discuter que des sujets sur lesquels tout le monde est d’accord, alors la crise de l’Europe n’est pas derrière nous mais devant nous.
Tous ces sujets seront au cœur des priorités de la Présidence française.

Il y a bien d’autres sujets dont nous allons devoir débattre.
Il y a bien sûr la refondation de la politique agricole commune après 2013.
Il y a la question de la fiscalité écologique.
Il y a celle des énergies renouvelables et des économies d’énergie.
Il y a celle de la défense, car comment l’Europe pourrait-elle être indépendante, comment pourrait-elle avoir une influence politique dans le monde, comment pourrait-elle être un facteur de paix et d’équilibre si elle n’était pas capable d’assurer elle-même sa défense ?

Que signifie pour chacun d’entre nous notre engagement européen si nous ne sommes pas capables de débattre de la construction d’une défense européenne et de la rénovation de l’alliance atlantique ?
Que signifie notre engagement européen si chacun d’entre nous n’est pas capable de faire un effort pour sa propre défense et pour la défense de tous ?

Depuis le traité de la CECA jusqu’au traité simplifié, les peuples européens ont tissé entre eux une solidarité dont il faut tirer les conséquences sous peine de la voir un jour ou l’autre se déliter.
Cette solidarité, elle se manifeste dans la politique régionale.
Cette solidarité, elle doit s’exprimer dans la défense. Elle doit s’exprimer aussi dans la politique de l’immigration. Dans une Europe où la circulation est libre entre les Etats membres, cette politique ne peut être qu’une politique commune. On ne peut pas appartenir à l’espace Schengen et régulariser ses sans papiers sans demander l’avis des autres.
On ne réconciliera pas les citoyens avec l’Europe si l’Europe, au lieu de contribuer à la maîtrise des flux migratoires, apparaît comme rendant cette maîtrise impossible.

Lorsque j’ai été élu Président de la République je me suis fixé comme priorité de remettre la France au cœur de la construction européenne. J’ai voulu que la France surmonte ses doutes en s’engageant davantage dans l’Europe, mais dans une Europe où la politique reprendrait ses droits, dans une Europe où la France ne réussirait pas toujours à emporter la décision mais où elle pourrait toujours faire valoir son point de vue.

C’est ce que je me suis efforcé de faire. C’est ce que je continuerai à faire.

C’est ce que j’ai fait en renouant le dialogue avec les institutions communautaires et je remercie le Président Barroso de la relation de confiance qu’il a permis d’établir entre la France et la Commission Européenne. La politique de la France c’est de travailler étroitement et en toute confiance avec les institutions européennes.
C’est ce que j’ai fait lorsque je me suis rendu devant les Ministres des Finances de la zone Euro pour expliquer la politique française.
C’est ce que j’ai fait en portant l’idée du traité simplifié.
C’est ce que j’ai fait en me rendant à Berlin dès le jour de mon investiture pour bien montrer l’importance pour l’avenir de l’Europe de l’amitié entre la France et l’Allemagne.
C’est ce que j’ai fait en déployant tous mes efforts pour convaincre l’Angleterre de signer le traité simplifié. Parce que l’Europe a besoin de l’Angleterre.
C’est ce que j’ai fait en m’engageant fortement dans le dialogue avec les pays de l’Est qui avaient parfois le sentiment qu’on ne les écoutait pas assez.
C’est ce que j’ai fait en proposant l’Union de la Méditerranée parce que je suis convaincu qu’en tournant le dos au Sud l’Europe ne tournerait pas le dos à son passé mais à son avenir. Parce que je suis convaincu qu’il faut unir les pays de la Méditerranée entre eux, non seulement parce qu’une part du destin de l’Europe et de la paix du monde se jouent là, mais aussi pour qu’un jour le grand rêve de l’Eurafrique puisse devenir une réalité.
Ce que le processus de Barcelone a engagé, ce que la politique de voisinage a permis, doit être amplifié. Le moment est venu d’aller encore plus loin, de mobiliser encore plus les énergies, d’engager des coopérations encore plus étroites dans cette région du monde à laquelle nous devons tant et dont les drames, les joies et les peines nous concernent si directement.

Mais j’ai entrepris davantage : j’ai voulu que la France puisse de nouveau entraîner la croissance européenne, qu’elle puisse de nouveau contribuer au dynamisme de l’Europe et à sa prospérité. Car lorsque la France va bien, c’est l’Europe tout entière qui en tire profit. Lorsque la France va mieux, l’Europe aussi va mieux.

Nul en Europe n’a intérêt à une France affaiblie, incapable de trouver en elle les ressorts de la croissance. Nul en Europe n’a intérêt à une France en déclin, à une France qui doute d’elle-même, qui a peur de l’avenir.

J’ai engagé une politique de réformes qui n’a pas de précédent depuis 1958. Ces réformes, elles représentent un effort considérable. C’est l’intérêt de l’Europe qu’elles réussissent. Ce n’est pas l’intérêt de l’Europe qu’elles échouent. C’est grâce à ces réformes, si elles réussissent – et elles réussiront – que la France assainira ses finances publiques, qu’elle respectera ses engagements. Ces réformes les Français les ont approuvées. Je leur ai tout dit avant les élections pour pouvoir tout faire après. Ces réformes je les mènerai jusqu’au bout. Rien ne me détournera de mon objectif. C’est le meilleur service que je puisse rendre à l’Europe.


Mesdames et Messieurs les députés,
Dans cette ville de Strasbourg si chère au cœur des Français et désormais indissociablement liée dans l’esprit de tous les Européens à votre Assemblée dans laquelle s’incarne la démocratie européenne,
Au sein de votre Parlement qui sait si bien faire vivre le débat démocratique dans le respect de la diversité des opinions, des convictions et des croyances,
Ici à cette tribune où elle s’exprima tant de fois, j’ai une pensée pour Simone Veil qui fut en 1979 la première présidente de la première assemblée parlementaire européenne élue au suffrage universel direct.

Qu’il me soit permis de lui rendre hommage pour sa contribution à la cause de l’Europe et pour sa contribution à la cause des femmes. Elle s’est battue pour qu’on respecte leurs droits, pour qu’on respecte leur dignité et votre Parlement a toujours été fidèle à cette ligne de conduite.
Nul n’oubliera ce qu’elle a fait.
Nul n’oubliera non plus ces mots forts qu’elle prononça lors de son premier discours de Présidente :
« Quelles que soient nos différences de sensibilité, je pense que nous partageons la même volonté de réaliser une communauté fondée sur un patrimoine commun et un respect partagé des valeurs humaines fondamentales. C’est dans cet esprit que je vous invite à aborder fraternellement les travaux qui nous attendent ».
Ces mots, je les fais miens.

Elle déclara aussi : « Tous les Etats de la communauté sont, aujourd’hui, confrontés à trois défis majeurs, celui de la paix, celui de la liberté, celui du bien-être, et il semble bien que la dimension européenne soit seule en mesure de leur permettre de relever ces défis. »
Ces mots aussi je les fais miens, car ces défis sont encore les nôtres. Ces défis sont ceux que les citoyens attendent que l’Europe relève.
Nous n’avons plus de temps à perdre pour les relever.
Nous n’avons plus de temps à perdre pour faire en sorte que les peuples puissent reprendre confiance dans l’Europe.
Nous en avons déjà trop perdu.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Nacionalistas II

Continuando o post anterior, afinal foi Alessandra Mussolini que decidiu sair do grupo de extrema-direita - Identidade, Tradição, Soberania - do Parlamento Europeu. O que, em princípio, deverá permitir ao ITS continuar a existir... se os cinco membros romenos aceitarem continuar.

A saída de Alessandra Mussolini foi fortemente impulsionada, e trabalhada na sombra, pelo presidente do grupo, o francês Bruno Gollnisch, membro da Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen. Isto, esperando conseguir guardar os cinco romenos, essenciais para manter o número mínimo de deputados necessário para garantir a sobrevivência do grupo parlamentar.

Alessandra Mussolini explicou numa carta enviada na segunda-feira ao presidente do PE que decidiu sair por causa "das declarações insultuosas e utilizadas como pretexto por Corneliu Vadim Tudor", o lider dos cinco eurodeputados romenos do ITS e autor do comunicado de imprensa anunciando o abandono do grupo que citei no último post.

"Acusar de xenofobia e de intolerância alguém que, como eu, não fez mais do que denunciar acontecimentos que fazem parte da crónica negra da Itália dos últimos anos (...) significa que se perderam os argumentos".

E a neta de Benito Mussolini continua: "é um grave problema para mim, e não para Tudor, se centenas de romenas vêm prostituir-se nas ruas italianas. É um grave problema para mim, e não para Tudor, se a violência bestial dos bandos de criminosos provenientes da Roménia matou italianos". É por causa do "laxismo de todos os homens políticos romenos que a situação em Itália se tornou insustentável", conclui.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Zangaram-se os nacionalistas

Os cinco eurodeputados do partido da Grande Roménia decidiram retirar-se do grupo parlamentar de extrema-direita do Parlamento Europeu - Identidade-Tradição-Soberania (ITS) -, devido aos insultos contra o seu país feitos pela sua colega italiana de bancada, Alessandra Mussolini (Obrigada Bernardo :-).


Desta forma, o grupo parlamentar de extrema-direita do PE que foi criado em Janeiro com 23 membros, deixa de ter o número mínimo de deputados para poder continuar a existir (20 deputados originários de cinco Estados membros). O que significa que terá de se desfazer, com tudo o que isso implica de perda de benefícios para os seus eleitos de partidos como o Front National francês, o Vlaams Belang belga ou o FPO austríaco.


Eis alguns extractos do comunicado de imprensa emitido esta tarde pelos deputados romenos do grupo ITS (tradução minha):

"A direcção do partido “Grande Roménia” tomou nota, com indignação, das declarações anti-romenas da deputada italiana Alessandra Mussolini. Entre os inúmeros insultos que esta pessoa dirigiu contra o povo romeno, há um publicado num jornal romeno de 2 de Novembro de 2007: ‘os romenos fizeram da infracção um modo de vida. No entanto, não se trata de delitos menores, mas de crimes horríveis, que gelam o sangue nas veias’. (...)

A inconsciência com a qual esta senhora faz generalizações, dando a entender que todos os romenos vivem como infractores e fazem crimes horríveis, lembra-nos o seu avô, o ditador fascista Benito Mussolini e o seu tio, Galeazzo Ciano, que provocaram graves feridas, ainda abertas, na história do nosso povo, das quais a pior foi o Diktat de Viena de 30 de Agosto de 1940.

Sabemos bem que ninguém deve ser admoestado pelo que os seus antepassados fizeram. Mas conhecemos a existência de um velho provérbio romeno que diz: ‘quem nasce de uma gata come ratos’. (...)

Em consequência, a direcção do partido “Grande Roménia” decidiu que a totalidade dos nossos cinco eurodeputados se retiram de imediato, em sinal de protesto, do grupo político Identidade-Tradição-Soberania (...).

Somos patriotas romenos e jamais permitiremos que alguém ofenda o nosso país. Ao mesmo tempo, o partido “Grande Roménia” reafirma a sua qualidade de partido de centro-esquerda e rejeita qualquer tentativa de recrudescência do fascismo na Europa Unida.

Lembramos a esta mulher abusiva que sem o nosso partido, o grupo ITS não poderia ter sido fundado (...). Com a saída dos cinco eurodeputados romenos, que voltam a ser independentes, o grupo Identidade-Tradição-Soberania desaparece.”


Não há, por enquanto, qualquer reacção de Alessandra Mussolini

A viragem dos defensores do não

Vários deputados socialistas franceses defensores do “não” à Constituição Europeia explicaram esta semana no Libération as razões da sua viragem a 180 graus, que se traduz agora no apoio ao Tratado de Lisboa.

É um curioso exercício de contorcionismo político que merece ser assinalado, porque a maioria dos argumentos utilizados já se aplicava à Constituição. Extractos (a tradução é minha).

(...)

“O Tratado de Lisboa deve ser avaliado pelo que é: um texto cujo único objecto é tentar melhorar o funcionamento das instituições da União (1). Desta forma foi suprimida a terceira parte do tratado constitucional que tinha o efeito de “gravar na pedra” o conjunto das políticas europeias mais liberais (2). Além disso, o texto agora proposto já não tem valor de constituição. Não é mais do que um tratado “modificador” clássico que altera os tratados existentes, sem os substituir. Aprová-lo não quer dizer que damos o nosso beneplácito ao conjunto da construção europeia, como implicaria implicitamente a adopção do tratado constitucional.

O tratado de Lisboa permitirá fluidificar o funcionamento da engrenagem da União, gripada por um alargamento a vinte e sete Estados membros tão mal preparado e um tratado de Nice tão mal negociado? É forçoso constatar que mesmo se os bloqueios institucionais não explicam só por si a impotência da União, as inovações do Tratado serão bem vindas: um presidente do conselho europeu eleito por dois anos, um alto representante para os assuntos externos e a política de segurança com poderes reforçados e, no seio do conselho de ministros, um novo mecanismo de votação por maioria qualificada (3). Além disso, devemos regozijar-nos pelo facto de, entre os valores citados em preâmbulo, serem acrescentados os da não-discriminação, da justiça, da solidariedade e da igualdade entre homens e mulheres (4), e que, entre os objectivos da União, seja retirada a concorrência livre e não falseada (5). Finalmente, um protocolo sobre os serviços públicos permite criar uma base jurídica para a adopção de uma directiva-quadro sobre os serviços públicos, recusada até agora pela Comissão (6).

No entanto, o contexto é igualmente determinante. O que motivou, em 2005, a nossa oposição ao tratado constitucional, foi a falta de Europa. O que justificava a nossa estratégia era que podíamos apoiar-nos no não para exigir mais Europa, onde ela é necessária. Em 2005, a esquerda francesa tinha a perspectiva de uma vitória nas eleições presidenciais (7). O que lhe teria permitido conduzir a negociação e assumir depois a presidência francesa da União que tem início em Junho. Já não é assim. O que significa que a estratégia desenvolvida na altura se tornou caduca. Houve efectivamente uma renegociação, como nós diziamos, mas foi Nicolas Sarkozy que a fez e que lhe retirou a força. Hoje é preciso votar sobre o texto, e não sobre aquele que imaginávamos. Se o Tratado de Lisboa não for adoptado, ficaremos com o Tratado de Nice, e por muito tempo” (8).


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(1) Já era o caso da Constituição, sobretudo do ponto de vista da França

(2) Falso: a parte III da Constituição era simplesmente a compilação dos Tratados existentes num só texto para melhorar a coerência e visibilidade das políticas. O facto de não estar no Tratado de Lisboa não significa que desapareceu, ficou foi dispersa nos vários Tratados em vigôr

(3) Já era rigorosamente o caso da Constituição. A única diferença é que no texto anterior o alto representante para a política externa se chamava ministro dos negócios estrangeiros

(4) Já estavam na Constituição

(5) A concorrência livre e não falseada sai efectivamente dos objectivos da União (passaremos a ter uma concorrência falseada???), mas essa característica central do mercado interno é lembrada num protocolo anexo ao Tratado

(6) Há de facto um protocolo nesse sentido, mas saber se altera de facto alguma coisa é outra história

(7) Será que, afinal de contas, o não à constituição não passou de uma estrategiazinha de conquista do poder ?

(8) Já era o caso com a rejeição da Constituição