terça-feira, 3 de novembro de 2009

Mais vacas magras

As previsões económicas da Comissão Europeia relativas a Portugal falam por si:

Um crescimento negativo do PIB de 2,9 por cento este ano, uma estagnação de 0,3 por cento no próximo e, se tudo correr bem, um crescimento de 1 por cento em 2011.

Um défice orçamental astronómico de 8 por cento do PIB este ano e no próximo (contra 2,7 por cento em 2008), e de 8,7 por cento em 2011.

Uma dívida pública de 77,4 por cento este ano, 84,6 por cento no próximo e 91,1 por cento em 2011. Ou seja, é o efeito "bola de neve" em pleno.

Para acabar, o desemprego continuará a subir para 9 por cento este ano e no próximo, antes de conseguir uma ligeirissima melhoria para 8,9 por cento em 2011.

Quantos anos mais teremos de vacas magras?

6 comentários:

Unknown disse...

"Quantos anos mais teremos de vacas magras?"

Resposta simples, enquanto tivermos o Euro continuaremos assim.

Infelizmente temos a memória curta senão ainda nos lembravamos de que quando nos anunciaram que iamos aderir ao Euro tudo era uma maravilha, maior produtividade, mais empregos, etc., etc.

Todas as previsões falharam!

O que seria lógico era que nos interrogassemos se estavamos a seguir o caminho certo. No minimo teria havido um debate do tipo Valeu a pena aderirmos à Moeda Única?

Mas não, falar disto é tabu. O que se fez foi aprovar e ratificar o Tratado de Lisboa que não resolve nenhum dos nossos problemas, antes pelo contrário, aprofunda-os.

E é isto que me faz confusão, o que leva alguns portugueses a concordarem em sacrificar o seu país e os seus compatriotas no altar da Grande Europa?

Alguns, como os deputados do PE que são principescamente pagos, compreende-se, estão a vender o seu país. Muitos o fizeram ao longo da História, Vasconcelos há muitos.

Mas, e os outros? Aqueles que não comem na gamela de Bruxelas ou Estrasburgo? O que os leva a concordarem acriticamente com este PDNEC (Processo de Destruição Nacional Em Curso)?

Bernardo Rodrigues disse...

Caro Raio, nao sei se se apercebeu que houve um crise por estes lados?... A maioria dos economistas esta de acordo que fora da europa e do Euro, o impacto teria sido pior. Por isso a moeda unica nao é tabu nenhum. Se nao se fala no assunto é simplesmente porque não ha grande controversia...
E ha-de explicar como é que o Tratado de Lisboa aprofunda os problemas se vem precisamente tornar a Uniao Europeia mais eficiente. Eu sei, para si que so seria feliz em ver uma Europa fragmentada, tudo o que seja positivo para a UE (mesmo que tambem seja positivo para todos os Europeus) é cravar-lhe uma faca no coraçao. Habitue-se e aproveite os beneficios que isso lhe traz.

Unknown disse...

Caro Bernardo,

Houve uma crise por estes lados??? E depois? A haver crise ela data de há um ou dois anos, a estagnação de Portugal data praticamente do lançamento do Mercado ùnico (1993), agravada com o Euro uns anos mais tarde.

Nem todos os economistas estão de acordo. Ver, por exemplo a opinião deste Professor Catedrático:

http://economico.sapo.pt/noticias/o-declinio-da-europa_72926.html

O Tratado de Lisboa vem tornar a UE mais eficiente? Boa piada, só contaram pra Você.

"so seria feliz em ver uma Europa fragmentada"

Eu sempre fui favorável a uma União Europeia, deixei de o ser quando entramos para a CEE e comecei a perceber como é que isto funcionava.

"Habitue-se e aproveite os beneficios que isso lhe traz"

???? Que benefícios?

Um abraço

pirolas disse...

já reparei que temos para aqui uns adeptos do escudo "deslizante".
sempre limitava a queda das exportações...
pois! mas não haverá outros factores na actividade económica?

Isabel Arriaga e Cunha disse...

Raio,
Então e a Islândia? Estar fora do euro protegeu-a da quase falência???

Unknown disse...

Cara Isabel Arriaga e Cunha,

"Então e a Islândia? Estar fora do euro protegeu-a da quase falência???"

Bom, a Islândia é um caso muito especial.

Primeiro porque, sem experiência para tal tentou imitar países como a Suiça ou o Luxemburgo, países que têm longa experiência na actividade bancária.

Por questões profissionais tive contacto indirecto com bancos islandeses e espantava-me com a incúria e falta de experiência de alguns responsáveis. A queda da Islândia não foi, de nenhuma forma, surpresa para mim.

Depois o simpático Gordon Brown invocando leis anti-terroristas obrigou o Governo islandês a responsabilizar-se totalmente por investimentos feitos por ingleses em bancos privados que, por acaso eram islandeses.

Depois temos a máquina de propaganda do Big Brother europeu.

A situação da Islândia é grave, mas não é a única.

A Irlanda não está melhor. O Euro, na Irlanda amorteceu o primeiro embate, ao contrário da Islândia mas, o Euro vai impedir a recuperação da Irlanda enquanto a sua ausencia vai permitir a recuperação da Islândia, o que já está a acontecer.

Aliás, os meus conhecimentos na Islândia dizem-me que a principal diferença é que se vê na rua menos carros de luxo e que é mais difícil adquirir moeda estrangeira.

De sublinhar que, embora sejam portugueses e possam voltar a qualquer momento, preferem continuar no tal "país falido".

No fundo está a contecer o habitual, a máquina de propaganda europeia lançou-se sobre a Islândia a ver se a vergava e a incorporava no IV Reich, sorry no império não imperial europeu...

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

Um abraço