segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sai Blair, entra Herman Van Rompuy?

Quem diria? O primeiro ministro belga Herman Van Rompuy emergiu como o favorito na cimeira de lideres da UE da semana passada para ser o primeiro presidente do Conselho Europeu.

Estou a imaginar os fãs de Tony Blair perguntar com desdém: Herman Van quem?

Para quem não sabe, Van Rompuy, figura relativamente discreta, é um negociador ímpar, com uma grande capacidade de escuta e um campeão do compromisso. E também tem, já agora, um grande bom senso, uma educação irrepreensível e um enorme sentido de humor. Que mais seria preciso para presidir ao Conselho Europeu?

São estas qualidades, aliás, que lhe permitem gerir num clima relativamente pacificado um país tão complicado como a Bélgica, com as suas guerras intermináveis entre francófonos e flamengos. O seu antecessor, Yves Leterme, precisou de oito meses para formar um governo depois das eleições de Junho de 2007 e governou durante nove meses um país em crise permanente. Van Rompuy sucedeu-lhe em Dezembro de 2008, precisou de dois dias para formar governo e, mal ou bem, o país lá vai funcionando (mais bem que mal...)

Como o Público já tinha referido na edição de Sábado, Van Rompuy surgiu durante a cimeira como o candidato alternativo a Jean-Claude Juncker e Jan-Peter Balkenende, primeiros ministros do Luxemburgo e Holanda. Os dois eram dados como favoritos no início da cimeira, mas foram sendo afastados por vários problemas.

Juncker (foto à esquerda), irritou vários países, a começar pela França e Alemanha, com a sua defesa do segredo bancário luxemburguês e o seu bloqueio de um acordo de troca de informações com o Liechtenstein.

Balkenende (foto à direita) não fez muito para ganhar o referendo de Junho de 2005 à Constituição Europeia, e tem bloqueado, para grande irritação dos outros países, a concretização de um acordo de associação com a Sérvia.


O problema de Van Rompuy, de 62 anos – que já não queria ser primeiro ministro – é que os belgas não o querem deixar sair do governo, porque sabem que, sem ele, correm o risco de voltar ao ambiente de guerrilha permanente ...

3 comentários:

Anónimo disse...

"Juncker (foto à esquerda), irritou vários países, a começar pela França e Alemanha, com a sua defesa do segredo bancário luxemburguês e o seu bloqueio de um acordo de troca de informações com o Liechtenstein."

Pois é, é este um dos grandes problemas da União Europeia.

Para ganhar os bons lugares é muitas vezes necessário trair os interesses do seu país.

O Jean-Claude não o fez e tramou-se.

Isto faz-me recodar a ida de Durão Barroso lá para bruxelas. O que é que ele terá dado em troca do lugar?

Ou seja, quanto é a presidência da Comissão nos terá custado, a nós, portugueses.

pirolas disse...

Caro Raio, ora aí está uma belíssima questão... especialmente para aqules que no burgo enaltecem a importância de um presidente da Comissão português...
Bom, tendo em conta que o sr presidente serviu uns cafés nos Açores, pode ser que o sr Blair se tenha contentado com o serviço...
Só me dá vontade de rir o facto de o sr Blair estar agora fora da corrida sem que o sr presidente possa fazer o que quer que seja por ele, mesmo que o sr Blair se disponha (por uns meros milhares de euros por discurso) a servir uns cafézitos!!!!

Anónimo disse...

Coitado do Blair,...

Realmente não se pode confiar nos líderes europeus pois, à menor, dão uma facada nas costas do seu melhor amigo.

Tony Blair tinha todo o direito a ser Presidente do Conselho Europeu pois comprou o lugar e comprou-o por bom preço.

O rebate que todos os anos era devolvido ao Reino Unido e que tinha sido obtido pela Margareth Tachter foi reduzido pelo Tony.

E bem reduzido, segundo estudos recentes (ver http://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/politics/6516753/Tony-Blairs-decision-to-cut-the-EU-rebate-cost-9.3billion-report-shows.html) esta redução vai custar ao Reino Unido, entre 2007 e 2013, 10,5 milhares de milhões de Euros (Euros de 2004).

Portanto o Tony deu de mão beijada uma pipa de massa a Bruxelas, deu provas de que colocava os interesses da Europa bem acima dos interesses dos eleitores do Reino Unido.

Naturalmente devia ser compensado por isso. O tal lugar de Presidente era um pagamento justo.

Mas não, correram com o Tony e parece que vão dar o lugar a um belga qualquer que não investiu um único Euro na promoção.

Realmente não há justiça neste mundo!