Entre os protestos da generalidade dos lideres europeus sobre a invocação por parte da Polónia dos mortos da II guerra para justificar o seu direito moral a obter mais votos na UE, o chefe do governo húngaro teve talvez a análise mais eloquente. Eis o que disse o social-democrata Ferenc Gyurcsany:
"Os países da região [Europa Central e Oriental] sofreram muitas injustiças durante séculos. Os húngaros conhecem bem este tipo de sentimento, mas temos duas abordagens possíveis: pedir compensações no presente por causa do passado, ou tentar aprender com o passado para construir o futuro de forma diferente. Eu prefiro a segunda opção".
"É essencial evitar dar a impressão que o acordo [sobre o novo Tratado] seja visto como uma compensação. Porque senão, haverá muitos outros países que entrarão na bicha para pedir compensações, todos aqueles que perderam milhões de pessoas, sofreram os acordos das grandes potências nas suas costas, e abandonaram grandes fatias do seu território e da sua população".
Quem diria que na UE do século XX ainda se perde tempo e energia com este tipo de discussão...
13 comentários:
Sem dúvida um discurso conciliador e necessário !!! Espero que o líder polaco o perceba e absorva!
Gosto de ver a atitude destes "novos países" da EU nestas reuniões, são eles que trazem o sangue novo que dá algum animo aos ideais da EU.
Na senda do líder polaco podiamos perder compensações pelas invasões francesas...
Não é por nada mas o líder hungaro de que o free will parece gostar tanto creio ser o mesmo líder que aqui há uns tempos foi "vitima" de uma data de protestos por se ter tornado conhecida uma gravação em que ele admitia ter mentido descaradamente ao povo húngaro.
A Comunicação Social internacional não deu muita atenção a estas manifestações. Por muito menos o Milosevic caíu...
Agora o mentiroso do húngaro tem de pagar o favor que lhe fizeram com o discurso "conciliador" que o free will gaba.
E é este um dos piores aspectos da União Europeia e que anda a envenenar toda a política da velha Europa. Os políticos fracos e incapazes para sobreviverem fazem todos os fretes e são os que são promovidos.
Quanto á atitude dos gémeos polacos que aparentemente implantaram um regime um pouco persecutório lá na sua terra é até um discurso positivo pois para deixarem cair as exigências vão receber muito em troca.
Nós os portugueses é que não temos sorte nenhuma, primeiro tivemos um Durão Barroso que, para chegar ao lugar onde chegou teve de dar muito em troca (à nossa custa, claro) depois não temos nenhum Comissário na Comissão Europeia, temos só um Presidente que nem sequer foi escolhido por nós por fim vamos abordar a Presidência Portuguesa, isto é, a segunda parte da Presidência Alemã, com um líder, Sócrates, oportunamente enfraquecido por uma história idiota a propósito de um diploma de uma Universidade de pacotilha, líder este que vai estar caladinho e obediente.
Nós, com isto tudo, só temos a perder...
Realmente era boa ideia que reclassemos pelas invasões francesas, pela ocupação de Olivença, etc. Provavelmente não receberiamos nada disto mas, para nos calarmos tinham de pagar muito bem.
Já agora, sobre as mentiras do senhor Primeiro Ministro Húngaro temos o seguinte link:
http://www.telegraph.co.uk/news/main.jhtml?xml=/news/2006/09/18/uhungary.xml
A minha pergunta é, como é possível elogiar um espécime destes?
O link ficou truncado.
Escrevo-o aqui em três partes:
http://www.telegraph.co.uk
/news/main.jhtml?xml=
/news/2006/09/18/uhungary.xml
O tipo de argumrntação que aqui aparece a ser (e bem) criticado pelo primeiro-ministro húngaro não é reprovável apenas pelo que dele directamente emana mas também por aquilo que acaba por deixar transparecer. Deixa bem patente uma postura de ressaibiamento, de vindicta, de reserva mental. Demonstra que há inegáveis feridas históricas que não estão ainda totalmente saradas e esquecidas. No limite, porém, este tipo de declarações coloca-nos uma interpelação incontornável - e essa interpelação reconduz-nos (ainda e sempre) ao último mega alargamento, precipitado a todos os títulos, chamando à convivência e de forma apressadza quem eventualmente ainda não tinha feito o necessário luto político relativamente à situação e regime de que saíra. No limite interpela-nos sobre se os Estados do leste europeu já estariam preparados para aderir à União. E não parece poder proceder o argumento de que deveriam aderir para fazer esse «luto» dentro da própria União. Essa adesãop não deveria ter tido essa finalidade.
Realmente é de lamentar a posição da Polónia nesta negociação. Com argumentos destes não vamos longe. Abrir fridas do passado com o intuito de conseguir vitórias no presente não parece a melhor forma de fazer valer as posições que se querem.
Se a Europa não se conseguir organizar convenientemente e dessa forma ser a "Voz" da solidariedade e da paz no mundo, não são os Europeus que mais sofrem mas sim os Africanos, os Asiáticos, os da América Latina e do Médio Oriente.
Com estes nacionalismos e invejas (dos comentadores que me antecederam) nao vamos longe. O que é isto de andar a negociar as ideias ? A UE dá-me mais 50 milhoes e apagamos todas as invasoes do livro de historia ?! De qualquer modo, a Polonia depois da ultima guerra recebeu um grande territorio , incluindo uma parte da Prussia Oriental. Para que é que queriamos mais 50 ou 100 milhoes ? Para dar a mais alguns construtores civis ? Ou para nao serem utilizados como aconteceu a muitos milhoes nestes ultimos 21 anos ?!
Comentado por Anónimo:
"Com estes nacionalismos e invejas (dos comentadores que me antecederam) nao vamos longe. O que é isto de andar a negociar as ideias ?"
??? Os nacionalismos e invejas não são dos comentadores, os nacionalismos e invejas são factos da vida, na Europa e no resto do Mundo.
Ignora-los ou tentar atira-los para baixo do tapete não só não resolve nenhuns problemas como, geralmente, os aumentam.
Depois, qual o problema de negociar ideias? As ideias são o principal objecto de negócio. No mundo selvagem em que vivemos não vamos longe com estes purismos.
Em seguida temos o "não vamos longe". Aqui é que está o principal problema, o problema que é sempre ignorado.
Sim, queremos ir longe, mas, para onde?
É que o problema básico de toda a construção europeia é que nunca se definiu para onde se quer ir. Diz-se que se quer caminhar para uma maior integração. Muito bem, mas o que é uma maior integração, até onde se quer ir? Quer-se colocar todos com a mesma cultura e língua? Claro que não (suponho) mas isto nunca é explicado.
E é por aqui que se devia ter caminhado, como acontece com qualquer projecto, começa-se por definir quais as suas fronteiras (o que está ou não incluído no projecto) e qual o objectivo final onde se quer chegar.
Sem isto qualquer projecto está votado ao fracasso.
É o que acontece com o projecto europeu e o que explica muito da bagunça actual.
Num projecto normal o falhanço pode não ser muito grave, pode ser só dinheiro deitado à rua mas, no projecto europeu o falhanço é muito grave pois envolve as vidas de centenas de milhões de pessoas.
"Não é por nada mas o líder hungaro de que o free will parece gostar tanto creio ser o mesmo líder que aqui há uns tempos foi "vitima" de uma data de protestos por se ter tornado conhecida uma gravação em que ele admitia ter mentido descaradamente ao povo húngaro."
:) o que disse não foi que gostava do sr.!! :) o que eu disse é que o dito senhor tomou uma atitude constructiva e reconciliadora necessária!! coisa que alguém tinha de fazer! o facto de ele ter feito o que fez no passado não implica que tenhamos de estar contra tudo o que ele venha a dizer!! é novamente um caso de diálogo político!
Com esse tipo de análise, caro Raio, a EU não vai a sítio nenhum... já que assim sendo já lá vão 2 países... a polonia que esta a fazer o que se vê e a hungria... daqui a nada não resta nenhum país a não ser o nosso... sim porque nós nunca fizemos mal nenhum... :)
O único comentário que me merece a atitude dos lideres polacos quando querem trocar os mortos da guerra por votos é que um país que, em 2007, ainda está a combater na Segunda Guerra Mundial não percebeu muito bem o que é a União Europeia, e, provavelmente não está lá a fazer nada. Felizmente que a Polónia não é os gémeos Kaczynski, mesmo se, temporariamente, é governada e representada por eles.
Sim, o free will não disse que gostava do aldrabão do líder húngaro, dou a mão à palmatória.
Disse foi que gostava do que ele disse.
Mas, o que eu disse foi que se ele disse o que disse foi por que se encontra fragilisado e que tem favores a pagar.
Assim, o que disse tem pouco crédito.
Sinceramente dou mais importância ao free will dizer que concorda com a frase pois o free will, quanto mais não ser por estar debaixo de um pseudónimo, tem total liberdade para dizer o que pensa.
Já agora e para se perceber o que deve reinar lá pela Hungria chamo a atenção de que uma jornalista que andava a investigar fraudes no governo polícia, etc., quase que ía sendo morta à pancada (aprofundei isto no meu blog, Cabalas) e, este facto, foi silenciado pela Comunicação Social.
Com podres destes o Sr. Primeiro Ministro Hungaro até vende a mãe se alguém lhe a quiser comprar.
Quanto ao comentário da autora do blog, os líderes polacos não querem trocar mortos por votos. Isto foi o que parte da Comunicação Social tentou impingir aos pobres cidadãos dos estados da UE.
O que eles queriam eram maior equidade na distribuição de poderes dentro da UE e, um deles referiu que se não tivesse sido a II Guerra a Polónia actualmente teria 66 milhões de habitantes o que é provavelmente correcto.
Quanto a perceber ou não o que é a União Europeia, é de referir que apesar da II Guerra já ter terminado há 57 anos deixou problemas graves por resolver e os problemas graves deixados por guerras, quando não resolvidos originam novas guerras.
Foi o que aconteceu com a II Guerra que foi em grande parte ocasionada pelos problemas deixados pelo Tratado de Versailles que terminou com a I Guerra.
Aliás, é curioso ver pessoas a criticarem os gémeos polacos por utilizarem argumentos velhos de 50 anos, mas ver as mesmas pessoas, quando mudam de assunto, oporem-se à adesão da Turquia por problemas velhos de mais de cem anos!
(note-se que eu concordo em parte com a posição dos gémeos polacos no tocante ao sistema de votação mas discordo totalmente da política persecutória que estão a impor no seu país)
"Sinceramente dou mais importância ao free will dizer que concorda com a frase pois o free will, quanto mais não ser por estar debaixo de um pseudónimo, tem total liberdade para dizer o que pensa."
Se me conhecesse descobria que digo o que escrevo quando uso o psedónimo de Free Will... se não fosse assim não vejo qual a grande vantagem de arranjar um knickname e vir para um blog defender coisas com as quais não concordo! Na realidade no fim do seu último comentário diz que discorda com o que os gémos fazem internamente na polónia mas concorda com o que eles fazem na EU ... eu diria que é a mesma coisa que eu digo com o presidente Hungaro...
Só mais um comentário ao comentário do Raio:
"Aliás, é curioso ver pessoas a criticarem os gémeos polacos por utilizarem argumentos velhos de 50 anos, mas ver as mesmas pessoas, quando mudam de assunto, oporem-se à adesão da Turquia por problemas velhos de mais de cem anos!"
Sou crítico dos gémeos polacos como sou crítico que a EU tenha tido as últimas adesões... quanto mais futuras... seja a Turquia ou a Sérvia ou a Croácia... a EU não amadureceu o suficiente para crescer ainda mais ... falta-nos estabilidade para isso, tanto económica como social. Felizmente há políticos que também veem isso e não sou só eu...
"Se me conhecesse descobria que digo o que escrevo quando uso o psedónimo de Free Will... "
Foi isso o que eu disse e por isso é que acho que tem mais valor a frase num comentário assinado pelo free will do que dita por um aldrabão que só está no poder porque faz favores a outros.
Não passa de his master's voice e o que diz é simples propaganda tão importante como as frases que nos tentam convencer que o Dove faz bem à pele...
O eu discordar do que os gémeos fazem na Polónia é totalmente diferente do asco que mete o aldrabão húngaro pelo que faz na Hungria.
Ninguém acusou os gémeos de desonestidade, são é acusados de estar a impor um regime demasiado ideológico anti-comunista e beato.
É totalmente diferente.
Eu que até não tenho nenhuma simpatia pela UE não sou critico da maior parte das últimas adesões. Discordo só de se ter admitido Chipre sem o problema da reunificação estar resolvido e de se terem admitido os países bálticos sem eles cumprirem as mais elementares regras democráticas mantendo parte dos seus cidadãos como não-cidadãos.
Quanto ao resto não vejo problemas
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